quarta-feira, 26 de maio de 2010

Qualquer dia desses




Qualquer dia desses, um dia comum, como o dia de hoje...
Qualquer dia desses, eu vou acordar e ver que minha felicidade é independete de qualquer coisa, e o caminho para ela é unico e exclusivo.

Qualquer dia desses, toda essa nostalgia que me atinge ,de modo certeiro, não será mais forte o bastante para me arrancar as noites de sono.

Qualquer dia desses, vou começar a me esquivar de toda essa deliberação que me acomete nas manhãs de dias como este.

Qualquer dia desses, todo esse desprezo pelas decisões dificeis e complicadas sumirá de modo expontâneo e começarei
a ver a vida com olhos adultos e maduros.

Qualquer dia desses, minha vontade propria se encontrará em equilibrio com minha força de vontade, formando assim uma harmonia perfeita entre corpo e alma.

Qualquer dia desses, essa musica, esse cheiro, esse abraço, esse sorriso, esse nome... serão comuns ao meu cerebro e não me farão mais suspirar.

Qualquer dia desses, vou aprender que nada nesse mundo é mais sabio e traiçoeiro que a razão; e mesmo que difícil, o melhor caminho, sempre, é segui-lá

Qualquer dia desses, vou perceber que o tempo é uma força unidirecional e irrevogável; e por mais que eu queira, seu sentido e direção nunca mudarão.

Qualquer dia desses, tudo aquilo que foi dito sobre amigos ,por um velho e amargurado sábio, realmente fará sentido, e ai, já será tarde de mais.

Qualquer dia desses, tudo acabará; eu vou esquecer,levantar a cabeça e perceber que o brilho do sol é mais belo que a escuridão da lua.

E então, quando esse dia chegar, serei, enfim, qualquer um. Serei comum.



Texto antigo que Henrique me passou e eu lembrei que existe, e por mais emo, depressivo e afins, que ele possa ser, é bom. É feliz, agora. Agora, quando o leio, vejo tudo com um sorriso na cara; ao contrário de tempos passados. NWAY.

Postado em: 26 de maio de 2010
Escrito numa data e época escura demais para ser lembrada.

André Victor A. Ramos



sábado, 10 de abril de 2010

Um infeliz sonho real



O luxo e riqueza deturpam a forma das coisas nesse local. Tudo parece brilhante demais, bonito demais. Até mesmo o coelho passara por aqui agora a pouco, portando  algo como uma máquina redonda e dourada que estonteou meus olhos a ponto de transformar todo o local num imaginário absurdo.
                O caos causado por estes belos vestidos unidos de forma intrínseca à outros vestidos e estes belos trajes masculinos grudados como natural deixam a beleza da dança que assisto agora com um ar sedutor. Olho e admiro a naturalidade dos movimentos, a naturalidade que essas espécies, mesmo que juntas em igual, transparecem aos meus olhos. Invejo, também, todos aqueles vestidos estonteantes; o meu parece tão simplório se comparado. Meus cabelos compridos não são amarelos como todos, nem meu andar esnobe e alto. Porém, ao mesmo tempo, tudo parece tão normal visto daqui, deste sonho. Mas, ao mesmo tempo, parece tão anormal se comparado com o real. Mas não importa, quero curtir o baile e encontrar algum vestido que possa me esquentar essa noite.
                Como é mesmo o nome daquela bela moça sentada, sozinha? Não me lembro. Aliás, não sei porque deveria me lembrar, apenas sinto já saber. Devo convida-la a uma dança? Devo oferecer-lhe algo? Devo aproximar-me? Uma relação assim, entre vestidos, não me é natural. Quando no real, procuro sempre algo mais comum, algo mais reto, sem curvas e em pé. Mas os vestidos também sempre se mostraram interessantes aos meus olhos entre as vitrines, porém, nunca tive coragem. Afinal, mamãe sempre me dissera que Ele não gostava disso. Nunca entendi  isso. Ele? Quem é Ele afinal?
                Vejo uma grande ave amarela passando, seria um sinal? Sim, devo convida-la. Fui ao seu encontro, observando como os outros se moviam ao meu redor. Tudo move-se simetricamente, de forma autônoma, como se pré programado.
                Era bonita, possuia um cabelo fino e curto, num tom alaranjado. Os dedos eram delicados, bem cuidados. O vestido era grandioso, estupendo se comparado com os do salão e perfeito se comparado com as vitrines do real. Sua face era oculta, ostentava no rosto uma mascara dourada, encobria-lhe os olhos, boca, nariz por completo. Como parte adjacente e irremediável  daquele lugar estranho. Sua voz era o cantar de um pássaro feliz sobrevoando o ceu ensolarado das manhãs de inverno.
                Bailamos, e nos misturamos à simetria absurda do baile de mascaras falsas. Digo falsas pois achava ali o lugar ideal para tirá-las, nunca gostei de usar a minha quando no real. Belíssima música que fazia todos os movimentos parecerem perfeitos. Tudo enterrompido derrepente: era o pronunciamento de algo grande. Era a rainha convidando à todos para um jantar no salão principal.
                Como as coisas brilhavam nessa sala! Cristais sobre a mesa, diamantes ornamentando uma cadeira na ponta da mesa. Mesa que por sinal deveria ter metros e metros de tamanho. Um banquete nos esperava. Todos se sentaram à mesa e se deliciaram com muita comida e bebida, tudo do melhor, obviamente. Porém, preferi me sentar num canto e conversar com Ela. Como era culta! Digna de tardes de papo, porém sentia que aquele ilusionismo terminaria em breve, deveria aproveitar.
                Sua pele era macia, sentia sua mão nas minhas. Pele delicada, unhas bem feitas. A ponta de seus dedos tocaram-me o rosto, foi nessa hora que senti meu coração se acelerando. Batia desesperado, era algo novo, algo forte, algo bom. Deslisou o dedo até meus lábios e os tocou com rijeza. Meu rosto enrubresceu, meus olhos congelaram, e tudo movia-se na lentidão do real. Sentia-me desvencilhando do real como nunca sentira. Alias, o ilusório me parece tão mais simples visto daqui. Decidi tocar-lhe também. Toquei sua mascara, e tentei  levanta-lá, mas parecia parte do corpo, não levantava.
Percebi, então,  que suas unhas se moviam de forma mais agressiva entre meus lábios, algo estava acontecendo. Ao redor, todos caiam e eram consumidos por uma luz dourada abominante. Algo errado estava acontecendo. O banquete sumira, em seu lugar agora existiam serpentes amarelas que seguiam em linha reta, até a ponta adornada. A rainha, ria, achava graça de todo aquele brilho. Levantou e gargalhou ferozmente, ergueu uma taça e gritou, como se para escutar no real: ‘’ Um sonho!  Um sonho!!! ‘’. O que era tudo aquilo? Seria alguma interpretação mal feita do real? Quanta maldade unida em tanto lugar. Não me importava mais, aquelas unhas depreciavam meu rosto. No lugar do rubro, um dourado consumia minha face e destruiam todo aquele sonho. Acordei assustado e intrigado com o destino do país.

André Victor A. Ramos
10 de abril de 2010
23:20

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Haiti, solidariedade e a real face disso tudo


Já notou em como o ser humano tem ficado mais "bonitinho" e “bonzinho”? De uns tempos (sórdidos diga-se de passagem) para cá a moda é fazer bonito pro mundo: é fabricar a tecnologia mais sustentavel possível - aliás, sustentabilidade é a alegoria econômica do século, né? - é replantar plantinhas, reciclar o lixo (enquanto o espírito continua cru e sujo), visitar e cuidar dos pobres idosos no asilo, é devolver dinheiro encontrado, etc.
Mas por que isso agora? Algumas décadas atrás coisas como essas não existiam. Aliás, ter consciência numa sociedade exclusivamente de sobrevivência era suicídio. Mas, hoje, o ‘status’ social - consequência desse monstrinho político-econômico contemporâneo - é definido não só pelo nível de dinheiro como também pelo nível de consciência ecológica e social.
Crise de solidaridade. Esta é a moda do mundo no Haiti. Pense bem e responda: pra que ajudar um país majoritariamente analfabeto, pobre e sem estruturas que até ontem ninguém nem lembrava que existia? Quando a catastrofe acometera Nova Orleans (ou mais recentemente o Chile, o ponto é o mesmo) não se via corpos nos noticiários, famílias desesperadas nos jornais e outras indignidades que pipocaram pelo mundo no cataclisma do Haiti. Entende o que digo? Você, se pudesse, ajudaria este país miserável, sem bases sociais, economicas e pricipalmente politica? Por quê? Eu ajudaria-os sim, mas não com a desculpa comum de que "me sinto bem ajudando o próximo". Não julgo ninguém aqui, mas pra mim falsidade tem limite. Ajudaria sim porque se fosse eu e minha familia passando fome e tentando sobreviver no caos eu ia gostar (lê-se suplicar) ser ajudado, não por quê o mundo está ajudando e se eu não ajudar vai ficar feio. Ainda acredito que talvez alguns o façam simplismente por gostar de ver a felicidade alheia, mas estes são raros e com certeza já têm um lugar no céu muito bem guardado.
Mas bem,opniões a parte, ninguem pode negar que essa nova moda política social é boa, afinal eles, os haitianos, estão sendo ajudados. Até os Estados Unidos – aquela super nação que promoveu a ditadura na miséria do Haiti para mero lucro econômico com desculpas sociais, lembra? – anunciou alguns dias atrás a doação de 1 bilhão de dolares para o país.
Crise de solidariedade. Se toda essa união não for fruto da construção de uma imagem social falsa, é, no mínimo, medo. Medo do mundo. Lembra-se daquela famosa tese de que ‘’o mundo só dará as mãos em meio à uma ameaça muito maior que a de si próprio’’? Poisé. De qualquer forma, não duvido nada que essa solidariedade venha a ser posta em cheque mais tarde, mas até lá todo mundo já esqueceu do que acontece hoje.
            A beleza bondoza do ser humano é uma fantasia. A alegria solidária pode até existir no coração de poucos – mesmo que eu ache difícil algo inerente assim – mas o sentimento ambicioso capitalista é a faceta real dessa desculpa mundial. Que seja assim, pelo menos evoluimos, ao contrário da sobrevivencia ignorante do passado.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Nós



Já está tarde, mas mesmo depois de tardes e manhãs de refestelo a insanidade e alienação beiram as esquinas como se nunca se cansassem. Eu, já trôpego de emoção, devida a toda festa causada, assisto aos incansáveis.
                Numa sociedade comum, admitiria que participar de tal gozo comum seria uma atrocidade à moralidade, adequaria-me nas sombras para não alienar-me, rejeitaria todo espirito em mim já esticado para poder moldar-me à imagem daquela belíssima gente, porém, como não é o caso, beberiquei de todas as garrafas, nutri-me de toda beleza juvenil, gozei de toda melodia festiva e cá estou, decrépito sobre a sargeta imunda, em pleno êxtase de um dia inegavelmente maravilhoso.
                A garganta me dói, aliás, não reconheço parte do meu corpo que não sinta tal sensação neste momento. Mas penso que tudo valeu a pena. Especialmente aquele beijo, aquele que de fato me excitou, mas no fim, nem lembro-me seu nome. Lembro-me de tudo, do momento, das mãos, dos olhos, dos lábios, mas não lembro-me do nome. Bem, não há importância nisso, amanhã todo refestelo se desfaz, a alienação se alinha e o insano se sana de moralidade. Afinal, é para isso que serve esta loucura conjunta, para conjecturar orgias morais e sociais em meio à uma sociedade de limiares desestabilizados.Serve simplismente para gozo conjunto, melhor dizendo.
                Tenho que me levantar agora e seguir os rastros da insensatez, pois o sol já se está visível e não lembro o caminho para minha caverna. Os dias que se passaram foram vívidos demais para que me lembre de algo além destes.
                Pois bem, continuo minha crise existencial neste mundo definitivamente irreal, a sociedade comum é comum demais para insanidade desta gente moinante, o mundo real é irreal demais para nós. 

Não se engane, caro



A loucura pode ser relativa, o comum pode ser relativo, e no fim, ambos em determinada faixa temporal podem ser alternativas.  A alternativa para realidade sutil ou louca - como preferir -  é a fantasia ideal para sobrevivência.
Aos meus olhos, você foi 'são' enquanto calado e parado, apenas.
Sua loucura é parte inerente à normalidade da sua personalidade peculiar; Normalidade insana esta que me enlouquece, de fato, me artude diariamente e me escandaliza quando ausente.
Sim, são estes paradoxos extremos que tentam me conduzir à solução de uma icognita diaria que me persegue: você.
Digo-te, meu caro, – ao som de Becoming Insane – que senão louco tu és, insano sou eu para escrever isto.
André Victor A. Ramos
15 de fevereiro de 2010
22:36

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

formspring.me

Lamentar algo é ser fraco e acomodado com o fato em si?

talvez sim. Talvez a acomodação seja algo mais complexo do que se parece, talvez seja a mente sem esperanças se deteriorando.

'-' ?

domingo, 31 de janeiro de 2010

Watchman - Que seja Deus o desgraçado!


                Amigos já haviam me advertido sobre os perigos – emocionais e visuais – deste filme, porém, digamos que super heroes do século passado não estão no topo da minha lista de prioridades cinematográficas.
                Férias, sabe como é né? A lista simplismente evolui, por assim dizer.
O FILME
                É de se espantar a qualidade cinematográfica de Watchman. Os efeitos visuais estão presentes, de forma mágica, em cada frame. Porém, não é só a capacidade visual do filme que impressiona (ao contrário de ‘2012’), para minha surpresa e delírio, a história é totalmente original e inteligente! Os heroes com super poderes do século passado idealizados outrora são a prerrogativa inicial de um fã de Batman e Spider-man, que após algumas horas de filme (digo horas pois o filme tem 2 horas e 30 minutos) sucumbem em ideais reais.
                Heroes como os de Watchman são reais e imaginários ao mesmo tempo. O autor busca os naturais anseios renegados da sociedade e os explora de forma única e prolixa. (Com excessão apenas do Dr. Manhattan, de certa forma) É simplismente digno (como diria o poeta) a exploração da imaginação numa mente realista – ou o contrário, quem sabe.
                A sonoplastia do filme é sagaz. Musicas inglórias transformam a cena numa ópera muda, glorificando a humildade e importunando o sensacional.
                A história, como já dito, é única: Alan Moore, o autor, explora buracos da humanidade hipócrita da forma mais criativa possivel, penso eu, a qual muitos outros não ousaram. A mensagem assemelha-se com algo que já pensara algumas vezes: ‘’ A humanida só dará as mãos em meio à uma ameaça – ou desgraça – muito maior que a de si próprio, seja esta alienigenas, catastrofes naturais (vide Haiti e o contexto pós cataclismo), ou - num jogo arquétipo muito mais irônico e inteligente do Autor - Deus.’’ Aquele que tudo pode, como descrito – com todos os pingos e virgulas – por personagens no filme, não possui compaixão e amor ao próximo, como já esterotipado.
O Deus de Watchman mal acredita na angustia (quanto mais na bondade) da humanidade. Porém, homem como ele é, encontra esperanças para este mundo em guerra, mesmo que para isto todos tenham que culpar alguem – como sempre – e que este desgraçado, no seu mais irônico modo, seja o seu próprio Deus atual.
Nem tudo são flores, pois, Dr. Manhanttan não é o único à sofrer com a apoteose da nação no filme. O próprio Estados Unidos da América é glorificado a todo momento, este realiza todos seus sonhos – e apaga todas as desgraças – no fime: ganham uma guerra outrora perdida, idealizam a atual circunstancia falha de um monumento de orgulho – vide 11 de setembro -, transforma um satélite em hotel, em suma, ostenta uma terra mágica de sonhos contrastando com as vergonhas reais atuais passadas por ele.
Pois digo, enfim, Watchman é mais que heroes fantasiados; Watchman é a realidade negada por nós, é a imaginação perfeita para um filme.